A pedido da Algfuturo – União Empresarial do Algarve, teve lugar no passado dia 19 de fevereiro uma reunião desta associação com o deputado João Vasconcelos, do Bloco de Esquerda, eleito pelo Algarve. Também participaram na reunião os dirigentes distritais bloquistas Luís Fernandes e Celeste Santos. A reunião teve como objetivo a apresentação do Plano para o Algarve, elaborado pela Algfuturo. Por sua vez, o Bloco de Esquerda também fez a apresentação do seu Plano Social e Económico para o Algarve, aprovado na Assembleia da República em julho de 2020.
Na referida reunião constatou-se a convergência em torno de diversas posições entre as duas partes no que concerne à grave crise social e económica que, devido à pandemia, está a atingir o Algarve, e a necessidade de medidas extraordinárias, urgentes, para combater a crise que ainda não atingiu o seu ponto mais alto. É um facto que o desenvolvimento económico que tem imperado nas últimas décadas na região, assente na monocultura do turismo, está a contribuir para uma situação de catástrofe social e económica, os apoios não estão a chegar proporcionalmente a todas as regiões, sendo o Algarve a mais prejudicada e, a que mais está a sofrer com a crise. O Plano de Recuperação e Resiliência é muito redutor quanto ao Algarve
O desemprego já atinge mais de 30 mil pessoas e muitas micro e pequenas empresas encontram-se em risco de falência. O governo tem de pôr em prática, muito rapidamente, o plano para a recuperação do Algarve que anunciou há 7 meses e que ainda não passou do papel. É preciso proteger o emprego, reforçar os apoios aos desempregados, aos mais carenciados e às micro e pequenas empresas, com verbas a fundo perdido. As milhares de micro empresas existentes na região, necessitam desses apoios, também para a sua reconversão e justifica-se aproveitar o momento de crise para a aposta na diversificação do tecido económico do Algarve. A nível da agricultura, entre outros aspetos, o setor vinícola deve ser apoiado através de legislação específica e as atividades da pesca não podem ser prejudicadas com as aquaculturas offshore. Também deve ser reforçado o combate à precariedade no emprego.
No âmbito mais estrutural, o plano de recuperação para o Algarve e que merece igualmente o consenso entre as duas partes deve assentar em mais algumas prioridades, como a aposta nas energias renováveis e nas novas tecnologias, a reconversão do alojamento para fins habitacionais, a construção do Hospital Central, a eliminação das portagens na Via do Infante, a requalificação total da EN125, a ligação ferroviária ao aeroporto e à Andaluzia, modernização e eletrificação de toda a linha ferroviária da Algarve a implementação de medidas para a eficiência hídrica, um programa específico para o combate à interioridade e para as zonas de baixa densidade, e o reforço dos meios humanos e materiais para as forças de segurança na região.
Uma grande preocupação centra-se no reforço e aceleração da vacinação contra a pandemia, considerando que o Algarve depende quase exclusivamente da atividade turística e que, se houver atrasos na vacinação, a crise social e económica no presente ano assumirá uma dimensão catastrófica muito superior aos indicadores de 2020.
A nível parlamentar, o Bloco de Esquerda irá continuar a intervir para que o Governo concretize, com urgência, um efetivo plano para a recuperação do Algarve, tendo em conta as propostas apresentadas pelo BE e por outras entidades. Se tal não acontecer, só resta ao Algarve mergulhar numa tremenda catástrofe social e económica de consequências avassaladoras. Ao Governo e ao PS serão assacadas as principais responsabilidades por tal falhanço.