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Em Bloco pelo Guadiana

Na sexta-feira, 20 de Julho, as Jornadas das Alterações Climáticas estiveram no Baixo Guadiana. Os impactes sobre os recursos hídricos, a desertificação humana dos povoados ribeirinhos, a ocupação imobiliária e pressão turística que cresce nas margens, foram alguns temas fortes abordados.

A meio da tarde iniciou-se a descida por barco do rio Guadiana do Pomarão, junto a Mértola, até Vila Real de Santo António.

Numa viagem que juntou especialistas técnicos, ecologistas portugueses e espanhóis e vários activistas locais, foi possível acompanhar e conversar sobre a riqueza ambiental da envolvente, a importância do rio no passado devido ao transporte de minério, mas também sobre algumas das ameaças que hoje se colocam.

 A previsível redução da disponibilidade e da qualidade da água devido às alterações climáticas, bem como a especulação turístico-imobiliária que invade um território habitado por uma população escassa e envelhecida, foram motivos de reflexão sobre os possíveis modelos alternativos de desenvolvimento local e de gestão da água para a sustentabilidade.

À noite realizou-se um comício-festa no centro de Vila Real de Santo António, com a participação de João Romão (da coordenadora distrital do BE-Algarve), Alda Macedo e Francisco Louçã.

João Romão alertou para as ameaças que recaem sobre o Guadiana e sobre a necessidade de modelos alternativos de desenvolvimento sustentável para a região, que conjuguem a preservação do ambiente com a criação de emprego e de dinâmicas populacionais.

Alda Macedo afirmou a importância do desafio hoje colocado pelas alterações climáticas, e como isso nos coloca a tarefa urgente de gerir os recursos que são de todas e de todos de uma forma sustentável para enfrentar a escassez e as ânsias predatórias de uns poucos que querem lucros imediatos.

Francisco Louçã falou de como a especulação imobiliária e a banca - em nome da fortuna fácil e através da corrupção - destroem o bem comum que é o território e o ambiente, ao mesmo tempo que causam o endividamento das famílias.

Durante o comício foi ainda possível assistir a uma exposição apresentada pelas Associações Almargem e Ecologistas En Acción sobre uma proposta de criação de um Parque Natural Transfronteiriço do Guadiana: sendo esta bacia hidrográfica um ecossistema único e indivisível, partilhada por dois países, torna-se necessária uma gestão conjunta e integrada para que a preservação dos valores naturais seja efectiva e o desenvolvimento territorial coerente.