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Centro político

Para mal dos nossos pecados, a esquerda, e até a esquerda dita radical, usa a torto e a direito a designação de “centro político” para caracterizar os partidos, no poder ou não, sociais-democratas (hoje sociais-liberais), os de centro-esquerda, os democratas-cristãos ainda existentes ou já não, os liberais, os demo-liberais, os de centro-direita, ou de direita-direita, desde que ainda se digam democráticos, e outras nuances por entre este conjunto que crescentemente foi dominando a cena do poder na Europa e no chamado mundo ocidental, após a II Guerra Mundial e, com maior dimensão, após a queda do Leste.
Mas, nos dias de hoje, chamar-lhes de centro, só se justifica se virmos a questão apenas pelo lado geométrico e linear.
Ou seja, considerando apenas como única dimensão e existência um segmento de recta, é certo que entre o ponto da extrema-esquerda e o ponto oposto da extrema-direita, fica, equidistante de uma e de outra – o centro.

Extrema-esquerda                                      centro                                         extrema-direita

Porém, se à palavra “centro” associarmos o termo “político”, e lhe introduzirmos os actuais conteúdos concretos de medidas sociais, económicas, culturais, de domínio político-ideológico, de disputa ou intervenção de uns Estados contra ou sobre outros, então, logo aí, o “centro” desloca-se cruamente para a “direita” e fica encostado, mais das vezes com gosto, do que a contragosto, à extrema-direita. Com uma velocidade que até assusta, de tal modo que hoje toda a esquerda leva as mãos à cabeça com o susto.

Extrema-esquerda                                                                   centro político extrema-direita

Dá para perceber, ou é preciso fazer um desenho? Não será já tempo de ajustar as palavras ao seu conteúdo?